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Câmara Federal Domingo, 25 de Junho de 2023, 17:45 - A | A

Domingo, 25 de Junho de 2023, 17h:45 - A | A

DEU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Kit robótica: PF encontra cerca de 30 pagamentos mencionando "Arthur" e encaminha investigação ao STF

São cerca de 30 pagamentos mencionando "Arthur"

Edina Araújo/VGN

A investigação sobre supostos desvios em contratos de kit robótica chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) depois que a Polícia Federal encontrou documentos com referências a Arthur Lira (PP-AL) e uma lista de pagamentos associados ao nome "Arthur". O documento foi apreendido com Luciano Cavalcante, assessor direto do presidente da Câmara dos Deputados, e apresenta um total de R$ 834 mil em pagamentos feitos entre dezembro de 2022 e março de 2023.

Dentre esses pagamentos, pelo menos R$ 650 mil estão relacionados ao nome "Arthur". O documento mostra a data, o valor, o destinatário do pagamento e o nome vinculado à despesa. São cerca de 30 pagamentos mencionando "Arthur".

A investigação sobre os desvios em contratos de kit robótica iniciou com uma reportagem da Folha, publicada em abril de 2022. Outra lista com pagamentos relacionados ao nome "Arthur" também foi encontrada pela PF, conforme revelado pela revista Piauí e confirmado pela Folha.

No documento apreendido com Cavalcante, consta justificativas para os repasses, incluindo despesas com hotéis utilizados por Lira, alimentação da residência oficial, impostos, combustíveis, despesas com automóveis e até fisioterapia do pai do presidente da Câmara.

Luciano, que ocupava um cargo na liderança do PP da Câmara, foi exonerado após ser alvo de busca e apreensão na operação Hefesto, que investiga desvios nos contratos de kit robótica. Ele é conhecido em Brasília como braço direito de Lira. A filha de Luciano é sócia do filho de Lira em uma empresa de intermediação de publicidade em mídias e ambos atuaram em contratos milionários com o Governo Federal.

Conforme a Folha de São Paulo, o advogado de Luciano, André Callegari, afirmou que não teve acesso completo aos autos do inquérito e às diligências já realizadas, impossibilitando qualquer manifestação sobre o caso.

Na lista de pagamentos encontrada pela PF, além do nome "Arthur", há elementos que indicam a relação dos valores com o próprio presidente da Câmara. Um exemplo é o pagamento de fisioterapia para o pai do político, conhecido como Bill.

Também consta da lista um pagamento de R$ 4,5 mil, relacionado a "Arthur" para a "revisão Hilux". Conforme reportagem da Folha, a campanha de Lira utilizou uma picape Hilux para a distribuição de dinheiro em Maceió, algo que está sob investigação da PF.

A caminhonete está registrada em nome de Murilo Nogueira Júnior, também alvo da investigação, mas fica na residência de Luciano na capital alagoana. Além disso, há o custeio de despesas do deputado. No ano passado, durante a eleição para renovar o mandato de deputado federal, Cavalcante cedeu um carro de sua propriedade, um VW Amarok, para ser utilizado na campanha de Lira.

Nas anotações encontradas pelos investigadores, há descrição de gastos para revisão de uma Amarok em fevereiro deste ano. Cotação de compra de pneus para um veículo Saveiro, carro declarado por Lira em suas prestações de bens à Justiça Eleitoral nas últimas eleições. A PF também encontrou anotações de valores relacionados ao nome "Arthur" com o motorista de Luciano, Wanderson de Oliveira. A revista Piauí revelou que foram identificados 11 pagamentos de aproximadamente R$ 265 mil entre abril e maio de 2023.

Em depoimento à PF, conforme a revista, o motorista afirmou que os pagamentos foram realizados a pedido de Luciano, que também seria o proprietário do veículo Corolla utilizado por ele e onde as anotações foram encontradas. A assessoria de imprensa de Lira, ao ser procurada, afirmou que as transações se referem ao salário recebido pelo deputado ou a ganhos provenientes de atividades rurais.

A PF de Alagoas já encaminhou o material para o STF após encontrar as citações a Lira com Luciano e seu motorista. Agora, caberá ao ministro Luís Roberto Barroso decidir o rumo da investigação. A Procuradoria-Geral da República já havia solicitado o envio do caso para as instâncias superiores.

A existência das citações a Lira nas apreensões já era conhecida em Brasília desde as buscas realizadas contra Luciano e seu motorista na operação Hefesto, indicando que, em algum momento, o caso chegaria ao STF.

O governo destinou R$ 26 milhões para sete cidades alagoanas adquirirem kits robóticos, apesar de enfrentarem graves deficiências de infraestrutura. Todas as cidades tinham contratos com a mesma empresa, a Megalic, de Edmundo Catunda e Roberta Lins. Os recursos federais foram liberados e transferidos de forma incomumente rápida e provinham das chamadas emendas de relator, uma parte bilionária do orçamento da União controlada por Lira. A investigação identificou repasses da empresa vencedora das licitações em Alagoas para empresas de fachada em Brasília, custeados com dinheiro do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

Ao monitorar o casal proprietário das empresas, a PF registrou em vídeo, retiradas de dinheiro seguidas de entregas em Brasília, Goiânia, Luziânia, Florianópolis e Maceió. Em uma dessas situações, em 17 de maio deste ano, os policiais filmaram uma entrega de dinheiro em um hotel de Brasília frequentado por Luciano Cavalcante.

As imagens obtidas pelos investigadores mostram desde a saída de Luciano do hotel, o retorno de seu motorista com o Corolla utilizado por ele, a chegada do casal e a entrega do dinheiro dentro da garagem. Anteriormente, em janeiro, os investigadores chegaram a Luciano após o casal que atuava como entregador de dinheiro chegar à capital alagoana. Em Maceió, eles estiveram na residência de Luciano e utilizaram uma picape em nome de um policial, mas mantida na casa do assessor de Lira.

Conforme a Folha noticiou, a picape Hilux está registrada em nome de Murilo Nogueira Júnior, alvo da PF e com quem foram encontrados cerca de R$ 4 milhões. O veículo foi emprestado para a campanha de Lira em 2022.

A PF descobriu que Cavalcante fazia parte de um grupo de WhatsApp chamado "Robótica Gerenciamento", no qual estavam presentes os sócios da Megalic. A investigação também revelou que Edmundo Catunda repassou R$ 550 mil para a construção da casa onde Cavalcante reside.

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