A sessão da CPI das Bets realizada nesta terça-feira (13.05) no Senado ouviu a influenciadora digital Virginia Fonseca, com mais de 45 milhões de seguidores nas redes sociais. Convocada como testemunha, ela foi ouvida para esclarecer sua relação com a publicidade de casas de apostas online, prática alvo de intensa discussão no Congresso Nacional.
A audiência pública foi marcada por debates acalorados sobre a influência de celebridades e influenciadores na disseminação do hábito de apostar entre o público jovem e vulnerável. Senadores, como Izalci Lucas (PL-DF), Soraya Thronicke (PODEMOS-MS), Carlos Portinho (PL-RJ), Eduardo Girão (NOVO-CE) e Cleitinho (REPUBLICANOS-MG), levantaram preocupações sobre os riscos sociais das apostas digitais, especialmente quando promovidas por pessoas com grande apelo popular.
Virginia afirmou que segue todas as normas exigidas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), incluindo alertas sobre o risco do jogo, restrição para menores de 18 anos e recomendações para não apostar em caso de vício. “Eu sempre deixo muito claro que é um jogo que pode ganhar e pode perder. Nunca falei para ninguém apostar tudo que tem. Sempre coloco os avisos obrigatórios”, declarou.
Ela se comprometeu a respeitar qualquer decisão que o Congresso tomar sobre a publicidade de apostas online. “O que vocês decidirem, eu vou seguir. Se tiver que alertar mais, alerto. Se tiver que parar, paro”, declarou, ao responder perguntas sobre sua atuação em campanhas publicitárias do setor.
Apesar da fala conciliadora, a sessão expôs divisões entre os parlamentares. O senador Cleitinho fez um apelo para que Virginia abandone a publicidade de apostas e sugeriu que o Congresso
O que vocês decidirem, eu vou seguir. Se tiver que alertar mais, alerto. Se tiver que parar, paro”,
deveria proibir a atividade. “Essa propaganda só beneficia quem ganha dinheiro com ela. E quem perde é o povo pobre, que aposta o que não tem”, disse. Virginia respondeu com bom humor: “Compra mais pré-treino meu então”.
Já o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), defensor da influenciadora, criticou o que chamou de “julgamento moral” e saiu em defesa dos profissionais de mídia que atuam com apostas. “Se forem questionar a Virginia, deveriam ter questionado o Pelé, que fez propaganda até de camisinha. Isso aqui é um tribunal de justiça ou de hipocrisia?”, indagou.
Carlos Portinho, relator de um projeto de lei que propõe a regulamentação da publicidade de apostas, ponderou que a autorregulamentação não é suficiente e que o Congresso precisará atuar com mais firmeza: “Estamos chegando a um ponto em que será necessário restringir, inclusive, a presença de influenciadores em propagandas de apostas. Eles atingem um público que nem sempre é o adequado, como menores de idade e pessoas compulsivas”.
A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke, reforçou que a comissão não busca culpados, mas soluções. Ela afirmou que é impossível proibir os jogos virtuais de forma eficaz, dado que muitos brasileiros utilizam sites estrangeiros e burlam restrições. “Não conseguimos erguer um muro virtual. Então, o que nos resta é disciplinar essa prática para proteger os mais vulneráveis”, afirmou.
A audiência com Virginia Fonseca, transmitida ao vivo e com ampla repercussão, foi considerada um marco nos trabalhos da CPI, tanto pelo ineditismo quanto pelo potencial de influenciar os rumos da regulamentação da publicidade de apostas no Brasil. O relatório final da comissão deverá incluir propostas que vão desde a exigência de certificação para influenciadores até a proibição de certas formas de propaganda voltadas ao público infantojuvenil.
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