O senador Plínio Valério (PSDB-AM) usou a tribuna do Senado, nesta quinta-feira (08.05), para tecer duras críticas ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Ministério do Meio Ambiente, em especial à gestão da concessão do Parque Nacional de Jericoacoara. Segundo o parlamentar, há um "conluio" entre o ICMBio, ONGs e autoridades do Executivo, que estariam agindo de forma a “expulsar” moradores e beneficiar financeiramente grupos privados.
“O ICMBio é, talvez, o pior câncer que tem neste país”, afirmou Plínio. “Eles se postam de mocinhos para agir como bandidos”.
O senador denuncia um suposto favorecimento à empresa vencedora da licitação para exploração turística em Jericoacoara, cujo representante seria irmão de João Paulo Capobianco, braço direito da ministra Marina Silva. O contrato prevê R$ 169 milhões em investimentos e a concessão por 30 anos.
“O irmão do braço direito da ministra Marina ganhou essa licitação. É um contrato bilionário, e agora os moradores estão sendo cobrados para entrar em suas próprias casas”, criticou.
Segundo ele, a Justiça Federal já suspendeu parcialmente a cobrança de ingressos no parque, mas a situação permanece crítica. “Várias áreas já viraram canteiros de obras. A prefeitura pediu a suspensão das obras pelo impacto ambiental. Cadê a sensibilidade ambiental que o ICMBio diz ter?”, ironizou.
Plínio Valério relembrou episódios relatados na CPI das ONGs e apontou o que considera uma política de isolamento da Amazônia e de comunidades tradicionais. Ele acusou o ICMBio de “forjar estudos” para justificar unidades de conservação e impedir atividades econômicas locais.
“Eles estudam as áreas que querem isolar e mandam para as autoridades. O presidente da República vive homologando. A tarefa de isolar a Amazônia agora já chegou ao sul de Minas”, afirmou.
Em um dos trechos mais polêmicos, o senador denunciou o que chamou de “semiescravidão” na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre:
“Tratam os extrativistas como se fossem escravos. Provamos isso com vídeos, depoimentos e no relatório do senador Marcio Bittar”, declarou.
Ele também questionou a criação de uma área de preservação no Amazonas, alegando que foram cercados o equivalente a 15 mil campos de futebol para proteger cerca de 150 macacos da espécie sauim-de-coleira, enquanto 3 mil famílias que ali vivem seriam, segundo ele, expulsas por inanição.
“Daqui a dois anos, essas famílias não vão poder plantar, colher ou vender. Isso aqui não passa de corrupção disfarçada de proteção ambiental”, denunciou.
Plínio Valério finalizou cobrando a presença de João Paulo Capobianco e do presidente do ICMBio, Mauro Pires, no Senado. Segundo ele, é hora de o Congresso reagir. “Eles vão ter que explicar para nós o que eu já sei do que se trata: trata-se de conluio”, concluiu.
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