O senador Eduardo Girão (NOVO-CE), em discurso nesta segunda-feira (09.06) no Plenário do Senado, o fez duras críticas à escalada da violência no Ceará, denunciou a atuação de facções criminosas em cidades do interior e cobrou medidas mais incisivas do governo federal. O parlamentar também defendeu o reequilíbrio entre os Poderes, criticando decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) e apontando risco à liberdade de expressão no país.
Girão iniciou sua fala convocando o público para a sessão especial em homenagem a entidades pró-vida, marcada para as 16h no Senado, e ressaltou sua posição contrária à legalização do aborto. Em seguida, voltou-se ao tema da segurança pública, relatando o aumento do medo entre moradores do interior cearense. “Conversar na calçada virou raridade. O crime organizado se tornou um poder paralelo”, afirmou.
O senador citou uma operação conjunta das polícias do Ceará e do Rio de Janeiro contra chefes do tráfico na Rocinha, mas criticou o vazamento que permitiu a fuga dos criminosos. Para ele, o episódio evidencia falhas na atuação conjunta dos estados. Girão também denunciou a permanência foragida do prefeito eleito de Choró, suspeito de envolvimento com facções, e questionou a ausência de ação das autoridades. “Se vão ao Rio prender criminosos, por que não prendem quem circula livremente no Ceará?”, questionou.
Segundo Girão, o Ceará enfrenta um “clima de terror” com interferência direta do crime no processo eleitoral. Ele citou assassinatos de candidatos em 2024 e reiterou o pedido de intervenção federal feito em março, ainda não atendido pelo governo. “O governador ignora o problema. O Estado vive no 'Mundo de Bobby', com R$ 2 bilhões gastos em propaganda”, criticou.
O senador também afirmou que facções controlam 19 bairros entre Fortaleza e Caucaia, impondo extorsões a comerciantes e pequenos prestadores de serviço, inclusive flanelinhas. “É a ‘nordestização’ do crime, que migra para onde há menos repressão”, disse. Ele denunciou ainda o uso de marcas de facções em provedores de internet e chamou atenção para os assassinatos de quase 1.400 crianças e adolescentes no Ceará entre 2021 e 2023, conforme levantamento do Unicef.
Na parte final do discurso, Girão ampliou as críticas ao STF, acusando alguns ministros de “liberar corruptos e traficantes” e de censurar parlamentares. Citou o caso do senador Marcos do Val (ES), que estaria com contas bloqueadas e redes sociais suspensas. “Não vivemos uma democracia. Vivemos uma ditadura da toga”, declarou, defendendo a abertura de processos de impeachment como forma de restaurar o equilíbrio entre os Poderes.
Girão encerrou sua fala com referência ao filósofo Marco Túlio Cícero, dirigindo-se a estudantes de Direito que acompanhavam a sessão no Senado. “O Senado não pode se omitir. É preciso coragem para enfrentar os problemas do país”, afirmou.
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