A avenida Paulista recebeu neste domingo (22.06) a 29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, reconhecida pelo Guinness World Records como a maior do mundo. Com o tema "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro", o evento deste ano colocou em evidência uma população historicamente invisibilizada: as pessoas LGBTQIAPN+ idosas.
A concentração começou às 10h no vão livre do MASP, com desfile dos 17 trios elétricos iniciado às 12h30. Entre as principais atrações estiveram Pedro Sampaio, Pepita e Banda Uó, com apresentação de Silvetty Montilla e Helena Black.
Segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a Parada deve injetar R$ 548,5 milhões na economia da cidade, crescimento de 16% em relação ao ano anterior. A Prefeitura investiu R$ 6 milhões no evento, que gera retorno de quase R$ 100 milhões para São Paulo.
Pesquisa da SPTuris revelou que quase 900 mil turistas estiveram presentes na edição 2024 (30% dos mais de 3 milhões de visitantes), sendo 8% de outros Estados e países, com gasto médio de R$ 1.112,46 por pessoa, aquecendo setores como hotelaria, alimentação e transporte.
O drama do envelhecimento LGBT+
De acordo com estimativas do IBGE, em 2025 o Brasil terá mais de 31 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, e a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou nossos tempos como a "década do envelhecimento saudável nas Américas". Entretanto, a população LGBT+ idosa ainda enfrenta exclusão, abandono e escassez de políticas públicas.
Segundo pesquisa da Aliança Nacional LGBTI, ter mais de 50 anos e pertencer ao grupo LGBT são fatores de risco para diminuir a possibilidade de bom atendimento. "A proporção de pessoas LGBT que, se ficassem de cama, não teriam ninguém para chamar em caso de necessidade é muito maior do que pessoas não LGBTs", observa Milton Crenitte, pesquisador da área.
Além do etarismo, esse grupo enfrenta solidão, dificuldades no acesso à saúde e, em muitos casos, a necessidade de voltar ao armário na terceira idade.
Resistência simbólica
Destaque da edição foi a campanha "Levante Seu Leque", onde o acessório foi adotado como símbolo de resistência contra o etarismo e outras formas de exclusão que afetam idosos LGBT+. A Prefeitura disponibilizou estrutura com 580 agentes de limpeza e criou área de descompressão para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
"É um desafio para todos nós que somos LGBTQIA+ chegar à velhice com independência e autonomia preservadas", afirma Diego Felix Miguel, especialista em Gerontologia pela USP. "Precisamos ocupar espaços, nos fazer presentes, termos representatividade nessas pautas políticas quando falamos de envelhecimento."
Nelson Matias Pereira, presidente da APOLGBT-SP, reforça a importância histórica: "Se hoje milhares ocupam as ruas com orgulho, é porque tantas outras enfrentaram repressão, preconceito e violência para que esse espaço fosse possível."
Trajetória histórica
A primeira parada LGBT de São Paulo aconteceu em 1997 com 2 mil pessoas e tema "Somos muitos, estamos em várias profissões". Em 2006, entrou para o Guinness Book como a maior parada LGBT+ do mundo, com 2,5 milhões de participantes.
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